quarta-feira, 27 de abril de 2011

Prosa Romântica no Brasil

“O índio vestido de senador do Império. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos burgueses” Oswald de Andrade


No Brasil, houve  uma urbanização do Rio de Janeiro, transformado em Corte, e criou-se uma sociedade consumidora em busca de entretenimento. Busca da “cor local”, com o espírito nacionalista em alta. Jornalismo tem grande impulso e surgem os folhetins, acompanhados pela sociedade carioca, notadamente as mulheres, com avidez.

Os romances tematizavam a descrição dos costumes urbanos ou das amenidades das zonas rurais e correspondiam às projeções dos conflitos emocionais dos leitores. Os personagens são idealizados e com os quais os leitores, principalmente jovens e mulheres, identificavam-se. Algumas obras fugiram um pouco desse esquema geral: Memórias de um Sargento de Milícias e Inocência.

Temas da ficção romântica:
*Passadista e Colonial - O Guarani e As Minas de Prata de Alencar, As Mulheres de Mantilha e O Rio do Quarto de Macedo, Maurício e O Bandido do Rio das Mortes de Guimarães...
*Indianista - Iracema e Ubirajara de Alencar, O Índio Afonso de Guimarães
*Sertaneja - O Sertanejo e O Gaúcho de Alencar, O Garimpeiro de Guimarães, Inocência de Taunay, O Cabeleira e o Matuto de Távora
*Urbanos ou de costumes - várias obras de Alencar como as três mulheres: Diva, Lucíola e Senhora; além de Cinco Minutos, A Viuvinha, Sonhos D’Ouro e Encarnação.

Autores
Joaquim Manuel de Macedo

Atravessou todo o movimento romântico e nota-se em sua obra um progresso na técnica literária. Era o autor mais lido no Brasil até o final da década de 40 com O Guarani de Alencar.

São temáticas comuns ás suas obras: namoro difícil ou impossível, presença de jovens casadoiras e estudantes, mistérios de identidade de personagens e identificação final, conflito entre dever e paixão, alguma comicidade, espécie de documento de costumes da época. A linguagem é simples com tramas fáceis, amor e mistério culminando com um final feliz.

Obras:

Romance - A Moreninha (1844), O Moço Loiro (1845), Os Dois Amores (1848), Rosa (1849), Vicentina (1853), O Forasteiro (1856), O Culto do Dever (1865), A Luneta Mágica (1869), As Vítimas Algozes (1869), O Rio do Quarto (1869), As Mulheres de mantilha 91870), A Namoradeira (1870).

Várias peças de teatro, a poesia A Nebulosa (1857) e outros escritos

Manuel Antônio de Almeida

Publica em folhetins Memórias de um Sargento de Milícias, obra totalmente inovadora para a sua época. Pode ser considerado o verdadeiro romance de costumes do Romantismo brasileiro, por não estar vinculado à visão burguesa. Retrata o povo em toda a sua simplicidade, malícia, humor e sátira. Sua descrição não se resume ao ambiente, mas introduz juízos de valor e crítica. Apresenta um anti-herói picaresco, que desde sua origem já está ligado ao real e ao humor. É considerado por muitos como um precursor do Realismo. Caracterizam a obra o estilo frouxo, linguagem por vezes até descuidada e um final feliz.

Obras:

Romance - Memórias de um sargento de Milícias (1852-53)

José de Alencar

Consolidador do romance, um ficcionista que cai no gosto popular. Sua obra é um retrato fiel de suas posições políticas e sociais: grande proprietário rural, político conservador, monarquista, escravocrata, burguês. Pode-se perceber o medievalismo no personagem de O Guarani, Peri (bom selvagem) que deveria respeitar a realidade social de que ao senhor de tudo deve-se obediência, respeito e lealdade.

Defende o “casamento” entre o nativo e o colonizador numa troca de favores (temática presente em O Guarani - Ceci e família e Peri e em Iracema com Moacir, filho de Iracema e Martim. Tudo isso traduzido numa linguagem coloquial, diálogos bem feitos por sua formação de professor de Português.

Sua vasta obra conta com romances urbanos, históricos, regionais e rurais, além dos indianistas. Iracema é uma obra que denota as grandes características de Alencar: paisagista e pintor de perfis femininos.

Obras:

Romances: Cinco Minutos (1856), O Guarani (1857), Viuvinha (1860), Lucíola (1862), As Minas de Prata (1862), Diva (1864), Iracema (1865), O Gaúcho (1870), A Pata da Gazela (1870), O Tronco do Ipê (1871), Sonhos D’Ouro (1872), Til (1872), Alfarrábios (1873), A Guerra dos Mascates (1873), Ubirajara (1874), Senhora (1875), O Sertanejo (1875), Encarnação (1893).

Algumas peças de teatro, crônicas e autobiografia, crítica e a poesia inacabada O Filho de Tupã

Visconde de Taunay

Autor de Inocência, romance regionalista de tom sóbrio e detalhista quanto á paisagem. Obra de pouca fantasia, mas com as relações entre paisagem e o meio bem definidas. Alguns aproximam este romance de um estilo mais realista-naturalista.

Obras:

Romance: A Mocidade de Trajano (1872), Lágrimas do Coração (1873)

Narrativas: Histórias Brasileiras (1874)

Comédia: De mão à Boca se Perde a Sopa (1874)

Drama: Narrativas Militares. Cenas e Tipos (1878), Quadros da natureza (1882), Fantasias (1882), Amélia Smith (1886)

Franklin Távora

Produz uma obra regionalista num tom de manifesto, mas sem muita repercussão da temática nordestina em O Cabeleira. Temática voltada para o banditismo como efeito da miséria, latifúndio, secas e migrações.

Obras:

Contos - A Trindade maldita (1861)

Romance - Os Índios do Jaguaribe (1862), A Casa de Palha (1866), O Cabeleira (1876), O Mulato (1878), Lourenço (1881)

Novela - Um Casamento no Arrebalde (1869)

Até a próxima.xoxo :*

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